Papo Cabeça

Continuando...

                                                         Lembranças

 Nas calçadinhas de tijolos, as crianças se sentavam para brincar, as brincadeiras invariavelmente eram amarelinha, pega-pega, esconde-esconde, pular corda. . . 






Não se perdia tempo, ganhava-se amiguinhos e lembranças para sempre.


O semblante sério de sua mãe às vezes interpunha nas brincadeiras, era tão sofrida coitada, era impressionante como a maioria das mulheres naquele tempo sofriam caladas, era proibido se queixar, foram criadas para o trabalho de ter filhos, cozinhar, lavar, limpar, passar e fingir que não viam as escapadas dos maridos. . . 

Muitas delas se quisessem comer além do arroz e feijão tinham que encontrar tempo entre um filho e outro para cultivarem roças de milho, hortas e criar galinhas.




Casavam-se cedo para fugir de um pai tirano e caiam nas garras de um homem alheio e insensível. . . Como era difícil ser mulher naquele tempo e ainda achavam tempo para cantarolar canções na beira do rio onde lavavam roupas. 


Tinham em média muitos filhos, quase sempre mais que cinco e algumas mais que dez. . . Eram suas alegrias; cuidar dos filhos naquele tempo era simples, eles viviam pelo terreiro das casas, comendo frutas direto do pé, descalços e vendendo saúde! 




As mulheres levavam a sério o resguardo, com canja de galinha e repouso, mas em contrapartida trabalhavam muito durante a gravidez, até o último instante. Em algumas mulheres as contrações chegavam e elas estavam com o cabo da enxada na mão. 
Mulheres gloriosas, verdadeiras fortalezas. . .
Olga se recorda desse tempo e consegue ver no interior de suas lembranças os lençóis branquinhos “quarando” na beira do rio, até o som das canções que elas cantavam com água pelo joelho. . .

Como conseguiam deixar a roupa tão limpa com água de rio, e sabão feito em casa?
 Isso será um mistério eterno.
Continua...

Comentários

Anónimo disse…
Gostei muito desse blog e não poderia deixar de maneira alguma de comentar sobre.

Tudo o que está exposto é muito importante ficarmos sabendo, para nossa edificação e desenvolvimento.

Oxalá, outros blogs seguissem essa mesma linha...continuem assim!

Grande abraço.
Marcia Lidia disse…
Como sempre, gosto de ler sobre seus contos, e até reportei ao meu passado, que ví muitas tias , avós e vizinhas, como essas descritas por você, e hoje com o mundo tão mudado sinto saudades daquele tempo que eu subia num pé de manga para chupar a fruta encostada num galho....mais como o tempo não para e nós temos que acompanha-lo......... beijo. Maria Cléo.
Rose Cantiero disse…
Querida Maria, a história de minha mãe esta ficando linda!
você escreve muito bem!
Pena que não tive tempo de comentar em todos que já escreveu. prometo que frei isso quando voltar de viagem.
ah! Tenho umas fotos interessantes para complementar sua bem escrita façanha.
Bjs
Rose

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