Continuando family, family e family...




Essa sou eu... Nessa foto tinha por volta de 7 anos, tive uma infância difícil ... Mas só quero contar do lado bom e foram tantos!
Minha mãe não sabia ler e escrever, então ela não percebia muito bem a importância da leitura, na verdade para ela era um grande tabu as mulheres lerem, naquele tempo ela achava que ler "virava" a cabeça das meninas. Fazia questão que fóssemos para a escola, achava importante estudar, mas quando se tratava de ler outra coisa que não fosse os cadernos de escola era uma afronta. Então eu que comecei a ler e me encantei, queria ler tudo o que caisse em minhas mãos, desde rótulos de tudo, jornal, Biblia até gibis da Monica, do Cebolinha, do Tio Patinhas...
Passei a me esconder num quartinho dos fundos onde tinha uma caixa cheia de gibis "banda desenhada", as vezes passava tardes inteiras ali, nem fome sentia!



Naquele tempo não tínhamos acessos a tantos brinquedos e jogos como as crianças de hoje tem, então tínhamos que usar muito mais a imaginação do que qualquer  outra coisa. Não podíamos sair na rua, não tínhamos permissão. Sorte que o quintal era um paraíso para qualquer criança, lembro que tinha um grande pé de limão rosa e debaixo dele um pneu de caminhão, que para nós dois era uma incrível nave espacial por onde fazíamos viagens inesquecíveis! Um ponto assente era que naquele tempo não havia dengue e nem preocupação relacionada com agua de chuva nos pneus; alias naquele tempo não existia tanta coisa e no entanto vivíamos tão bem sem elas...
Lembro da televisão, sessão da tarde era minha alegria, os trabalhos de casa da escola ocupavam uma boa parte do dia e a televisão era mesmo controladissima.
Mas também brincávamos muito, eu e meu irmãozinho Valdir, eu sou apenas um ano mais nova do que ele...
As vezes eu tinha que ser o Tonhão para ele ser o Betão, e passavamos a tarde rodando pneus pelo quintal, e imaginando que eramos dois motoristas de caminhão que viajavam muito pelo sertao...
Mas consegui manter minha feminilidade quando brincava sozinha de casinha, nessa altura eu ainda não tinha boneca, então brincava com a boneca da minha cunhada Vera, na casa dela, ela me dava um pires com arroz, feijão de verdade, e eu passava horas ali na brincadeira. Hoje essa boneca está comigo, ela me deu e eu guardo com o maior carinho do mundo! (Qualquer dia posto a foto dela)



Meu irmão Valdir teve mais sorte do que eu e ganhou seu primeiro tratorzinho de plástico muito antes de mim, mas quando um dia chegando de viagem meu pai me entregou uma caixa com uma boneca, daquelas grandes com longos cabelos loiros eu quase morri de felicidade. Ele a comprou durante a viagem de trabalho... Coloquei nome nela de Marília e nunca esqueci da sensação que senti.
Imagine se hoje alguma menina sente isso por ganhar uma boneca? Mal nascem e o quarto já esta cheio delas, o que elas querem aos 7 anos é um pc, um celular, um videojogo...
O mundo mudou sim, mas será que se tornou melhor?



Os dias de muito vento era os que eu mais gostava, porque nesses dias eu voava...
Pasmem eu voavaaa mesmoooo, nunca consegui explicar esse fenômeno, mas eu me deitava na relva fechava os olhos e pronto...Estava no céu voando, podia aumentar a velocidade se quisesse, passar por baixo de pontes, subir entre as nuvens, nunca caia, e só voltava para a terra se quisesse!! Minha imaginação tinha um grau de realidade incrível, eu sentia o vento nos cabelos eu via as casas irem diminuindo de tamanho.



As vezes não voava, as vezes elegia uma pena, sim escolhia a dedo uma pena branca linda no chão do galinheiro e a soltava pelo ar, era minha princesa e procurava por seu principe...O chato era quando o vento a carregava do outro lado do portão trancado. As vezes tentava pedir para alguém que passava: -Faça o favor de pegar ali no chão minha princesa?
Quando olhava e não viam nada, (a não ser uma pequena pena) iam embora um bocado zangados...
Os adultos sempre foram muito esquisitos para mim, então passei a me esconder e ler...Lia muito até descobrir a Biblioteca da escola. Isso fica para um outro dia!

Comentários

Anónimo disse…
João Fernando
Interessante como estou descobrindo coisas de si mais agora pelo blog do que pelo que me contas. Deves ter razão quando diz que escrevendo abre seu coração... Fostes uma menininha linda, se eu tivesse lhe conhecido naquele tempo teria apaixonado na mesma. Amo-te minha menina
Unknown disse…
Que lindo ! Enquanto lia fiquei imaginando , tentando lembrar onde eu estava nessa sua infância, essa época morávamos na cidade acho que tinha 11 anos , estava trabalhando de babá, ainda não tinha ganho minha primeira boneca, pois já era considerada grande para ter uma, esses dias colhi uma boneca em um pé de milho que a Vivi plantou, mostrei para ela como eram as minhas bonecas , me divertia e brincava muito com elas....hoje as meninas tem muitas de diversas marcas e ainda assim não gostam de brincar...só pensam em celular.
Unknown disse…
É verdade Beth, de ti eu me lembro sempre como a mais responsável, a mais ajuizada... Lembra qdo íamos passear na praça, e nosso horário de voltar para casa era sempre quando os outros jovens estavam chegando? As vezes ficávamos olhando eles entrarem naquele clube (tipo uma discoteca do nosso tempo), só que não tínhamos permissão dos pais para ir lá. Eu e a Nice sempre queríamos ficar mais um pouquinho, mas você era a que cuidava de nós, e sempre fez tudo certinho! Te admirava tanto por isso, acho que nasci rebelde kkkk Te amo tanto minha irmã querida! Você sempre foi um grande exemplo para mim, séria, trabalhadeira e linda!

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